30.10.07

Bloguística

Quis saber o que escrevia.
Escrevia a sua vida. A história de um homem que nadara durante três dias no mar, que lutara contra a morte, que perdera o sono e que apesar disso conservara a força de viver.
«Escreve isso para os seus filhos? Como crónica de família?»
Sorriu com amargura: «Para os meus filhos? Isto não lhes interessa. è um livro, o que escrevo. Acho que podia ajudar bastante gente.»
Esta conversa com o motorista de táxi esclareceu-me repentinamente sobre a natureza da actividade do escritor. Escrevemos livros porque os nossos filhos se desinteressam de nós. Dirigimo-nos ao mundo anónimo porque a nossa mulher tapa os ouvidos quando lhe falamos.

Milan Kundera (in O Livro do Riso e do Esquecimento)

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